Ídolo se despede do futebol em festa para quase 40 mil
pessoas no Pacaembu, em amistoso entre Palmeiras de 99 e Seleção de
2002, e marca gol de pênalti
Adorado, idolatrado e agora eternizado. Depois de 20 anos à frente do
Palmeiras e de uma passagem campeã pela Seleção, o goleiro
Marcos
fez seu último ato como jogador na noite desta terça-feira, frente a
mais de 38 mil pessoas no Pacaembu, em São Paulo – ironicamente, o maior
público do Verdão no ano. Ele já estava aposentado desde o dia 4 de
janeiro, mas interrompeu seu descanso para se despedir da torcida
alviverde numa partida amistosa em que foi ao mesmo tempo o anfitrião e o
homenageado, com convidados como Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos, Evair,
Edmundo e Ademir da Guia.
O jogo foi um encontro de estrelas, entre os campeões do mundo de
2002 e os palmeirenses que conquistaram a Libertadores de 1999. Mas
ninguém brilhou mais que Marcos, que fez boas defesas, anotou um gol de
pênalti e ainda virou centroavante no segundo tempo, antes de se
despedir com um discurso para emocionar não só aos torcedores do
Palmeiras, mas a qualquer fã do futebol (veja no fim do texto).
Em vários momentos, aliás, ele teve dificuldades para segurar a
emoção. Na entrada de campo, levava no colo o filho caçula, Marcos
Vinícius, recém-nascido. Ao seu lado, os dois mais grandinhos, Lucca e
Anna Julia. Ganhou diversos presentes, como uma réplica da defesa do
pênalti de Marcelinho Carioca, na Libertadores de 2000. E cantou com
toda a força o hino do Palmeiras, com ênfase no trecho “Defesa que
ninguém passa”.
Com a bola rolando, logo percebeu que Rivaldo tentaria fazer o papel
de vilão na festa. O meia, que ainda está em atividade (mas sem clube no
momento), arriscou três lindos chutes de fora da área. Marcos, com
classe, e sem precisar fazer firula para a torcida, como muitos goleiros
fazem hoje em dia, defendeu todos, arrancando aplausos de quase 40 mil
torcedores que foram ao Pacaembu vê-lo em ação pela última vez – o
público pagante foi de 36.517 pessoas e o total, de 38.858, com renda de
R$ 2.456.510,00.
Pontualmente à meia-noite, quando o cronômetro marcava 25 minutos do
segundo tempo, os refletores se apagaram. O dia havia mudado. Já era 12.
Ou melhor: 12/12/12, número da camisa do goleiro na conquista da
Libertadores de 1999. Com um microfone, ele discursou para a multidão:
- Queria fazer alguns agradecimentos especiais. Primeiro a Deus,
pela carreira que me deu. Ao meu pai, que me ensinou a amar o futebol, e
à minha mãe, que me ensinou a amar o Palmeiras. Aos meus irmãos, que
foram meus primeiros treinadores, chutando bola em mim no terreirão ao
lado de casa. Gostaria de agradecer à minha mulher, que sempre esteve
comigo, nos momentos bons e principalmente nos ruins. Aos meus filhos,
Lucca, Anna Julia e Marcos Vinicius. Tem muito momento na vida que a
gente pensa em desistir, mas lembra dos filhos e resolve seguir em
frente. Agradecer aos jogadores, que desmarcaram coisas importantes para
estarem aqui. Agradecer a todos os meus treinadores, principalmente o
Felipão, que está aqui hoje. Agradecer aos meus ídolos, Velloso e
Sérgio, que me ensinaram muito. Agradecer também aos patrocinadores e
organizadores da festa. Gostaria também de agradecer a todos os
torcedores do Palmeiras. Eu queria falar algo especial para a torcida:
quando saí de casa, meu sonho era ter sucesso, claro, mas o mais
importante era conquistar o torcedor do meu time de criança, que é o
Palmeiras. Eu queria que vocês tivessem orgulho de mim, porque eu estava
em campo defendendo vocês. Saio de campo realizado e com sensação de
dever cumprido. Pra mim, foi uma honra vestir a camisa da seleção
brasileira e, principalmente, da Sociedade Esportiva Palmeiras. Peço que
vocês nunca se esqueçam de mim, porque eu nunca vou me esquecer de
vocês. Muito obrigado.
Terminava ali a carreira de “São Marcos de Palestra Itália”, um dos
maiores ídolos recentes da história do Palmeiras e um dos destaques do
pentacampeonato do Brasil em 2002.
Veja como foi:
Continuação, discurso:
PALMEIRAS DE 1999 (2) X (2) BRASIL DE 2002
Titulares: Marcos; Amaral, Cléber, Júnior, Galeano, César Sampaio, Edmundo, Pedrinho, Paulo Nunes, Alex e Evair. |
Titulares: Dida; Cafu, Edmilson, Roque Junior, Roberto Carlos, Belleti, Ricardinho, Juninho Paulista, Rivaldo, Edílson e Ronaldo |
Reservas: Sérgio, Rivarola, Euller, Asprilla, Agnaldo Liz, Tiago
Silva, Dudu, Ademir da Guia, Neném, Oseas, Tonhão, Rubens Júnior e
Adãozinho |
Reservas: Velloso, Denilson, Luizão, Djalminha, Antônio Carlos e Zé Roberto |
Técnico: César Maluco |
Técnico: Luiz Felipe Scolari |
Gols: Marcos, aos 21, e Paulo Nunes, aos 41 minutos do 1º tempo; Edilson, aos 16, e Luizão, aos 24 minutos do 2º tempo |
Arbitragem: Ana Paula Oliveira |
Local: Pacaembu |
Veja a galeria de fotos:
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-